Um filme de suspense da mais alta categoria. Intrigante, empolgante e arrepiante, ‘Os Outros’ entra sem dúvida alguma para o hall dos maiores filmes já feitos até hoje e porque não ser o melhor de seu gênero? É um filme que aborda um tema já muito explorado ao longo dos anos que são os fantasmas, mas aqui é mostrado de uma nova maneira que surpreenderá qualquer um. É um filme sinistro e ainda tem um dos melhores e mais inesperados finais que existem, algo que vem se tornando muito comum em filmes desse tipo.
Não faltam elogios da maior parte das pessoas que assistem ao filme, tanto para a história como também para o roteiro e direção de Alejandro Amenábar. Também para o excelente clima de suspense e atuações de praticamente todos os atores, mas o final é sem dúvida o que mais chamou a atenção do público e é o que completa e torna o filme tão bom. Acredito que não há quem não tenha visto o filme e que não o tenha recomendado para alguém, mas o final acabou gerando um pouco de polêmica pois muitas pessoas acabaram o entregando ou dando dicas o que faz com ele seja um pouco mais previsível do que o normal, um dos comentários mais criticados foi o do jornal “Folha de S. Paulo”, é extremamente importante que a pessoa que vá ver o filme não tenha muita informação ou não leia muitas coisas que deduzam o final pois a grande surpresa, o grande êxtase, o grande momento, se for adivinhado, perderá totalmente a graça e vai desanimar com certeza.
A história que o filme conta é encantadora e fabulosa (mesmo sendo sinistra). Grace (Nicole Kidman) mora numa enorme mansão na Ilha Jersey, Inglaterra, e aguarda a volta do marido que fora para a guerra. O ano é 1945 e ela não se cansa de dizer que resistiu à invasão dos inimigos na Ilha. Nicole está encantadora e muito bem caracterizada, seja pelas roupas ou pelo cabelo penteado como na época, o clima é sombrio e um nevoeiro toma conta do redor da casa, três pessoas batem à porta, são os novos empregados já que os antigos sumiram em uma noite qualquer, Bertha Mills (Founnula Flanagan) que seria a governanta, Lydia (Elaine Cassidy) que é muda e Edmund Tuttle (Eric Sykes), o jardineiro. Grace mostra a eles a casa e chama Mills para conhecer seus dois filhos que estão dormindo, são eles Anne (Alakina Mann) e Nicholas (James Bentley), os dois sofrem de uma doença muito rara, fotossensibilidade, aversão à luz, que lhes causa alergia e pode até matá-los. Isso faz com que Grace tenha uma rotina estressante, nunca abrir uma porta antes que a anterior seja fechada e manter cortinas em todas as janelas da casa, que também não tem radio, TV e nem eletricidade somente velas, luz que as crianças suportam.
Grace é uma mãe amável mas também muito severa, mantém os seus filhos isolados do mundo mas toma o cuidado de educá-los à sua maneira dizendo que se cometerem algum tipo de pecado irão para o ‘limbo das crianças’. Nicholas talvez por ser o mais novo é mais apegado à mãe, mais mimado e Anne é menos comportada e chega a brigar com Grace em alguns momentos, o fato das crianças não terem nada para fazer e ficarem lendo muito também fará com eles passem a ter opinião própria baseados no que leem, e como um só conversa com o outro exceto a mãe e no caso a nova empregada, fará também com que Anne influencie Nicholas a pensar como ela.
A trama do filme começa então quando Anne passa a ver fantasma, primeiramente um garotinho chamado Victor, e acabará assustando o irmão e fazendo sua mãe ficar sabendo. A história vai seguindo num ritmo bem lento e é muito difícil de se imaginar o que está realmente acontecendo, as coisas começam a mexer mais ainda com a cabeça de quem está vendo quando tentamos imaginar o que significam as coisas que Anne diz terem acontecido num tal dia, e mais tarde quando os empregados começam a conversar uns com os outros em diálogos extremamente sinistros, aliás Lydia não fala e é um dos poucos momentos que Tuttle fala alguma coisa, mas essencial.
Uma das grandes particularidades do filme é sem dúvida alguma a sua fotografia, muito bem feita, uma das melhores que eu já vi, a luz fora trabalhada de uma maneira singular e ainda ajudada pelo cenário acabou ficando perfeita, claro foi usada uma luz amarela para representar a vela mas acredito que em alguns momentos só temos a luz da vela iluminado a cena, eu percebi apenas um erro na iluminação que foi quando Grace vai acordar os filhos para Millis conhecer, ela entra no quarto levando a vela mas a empregada continua iluminada quando era para ficar no escuro mas nada que tenha estragado o filme.
Mesmo sendo um filme de suspense, não é um filme de dar muitos sustos, mas sem dúvida tem muitas cenas de arrepiar a espinha e os cabelos também, é daqueles filmes que prendem a atenção é determinados momentos e fazem você respirar fundo depois que uma seqüência termina. O final peculiar então é o bastante para muitas e muitas explicações de muitas cenas que ficam cheia de perguntas no ar, acredito que todas as pontas foram amarradas após a revelação final, realmente matadora.
O fato do filme ter poucos personagens então é mais uma coisa sensacional ajudada ainda por passar em apenas um lugar, apesar da mansão ter vários cômodos e poder assim ter variado bem os locais onde cada cena foi gravada, mas não sai muito além dali. Nem é preciso destacar a excelente a atuação de Nicole Kidman, já uma das melhores atrizes consagrada com o Globo de Ouro e o Oscar por sua atuação em ‘As Horas’ filme que fez posteriormente a este, Nicole ameaçou desistir de atuar neste filme dizendo ao diretor para procurar outra pessoa pois não sabia se estaria disponível (no mesmo ano ela fez ‘Moulin Rouge’, ‘A Isca Perfeita’ e ‘Stanley Kubrick’), mas lendo o roteiro mais algumas vezes e vendo que a história de Grace era parecida com a dela (já que se separou de Tom Cruise e ficou com as crianças adotadas para cuidar sozinha) se interessou e aceitou o papel, Kidman disse que não acredita em fantasmas, mas que se ver um pode mudar de ideia.
Uma das curiosidades é que um dos produtores do filme é justamente Tom Cruise, muitos dizem que este é um presente dele para ela. Kidman foi chamada para outro filme de suspense, ‘O quarto do pânico’ mas com o pé machucado acabou dando o lugar para Joodie Foster. Os outros atores também aparecem muito bem, o jovem Bentley faz um olhar de tristeza muito exclusivo, Flanagan aparece bem também mas no fundo que chamou mais a atenção foi sem dúvida alguma Alakina Mann, a garotinha tem muito talento e interpretou perfeitamente sua personagem, com muita atitude e presença ela consegue conquistar de cara qualquer um, em alguns momentos ela chaga a lembrar Kirsten Dunst quando era criança, se seguir o mesmo caminho tem tudo para se tornar também uma grande atriz no futuro.
Altamente recomendado, perfeito, um filme único, dificilmente alguém se decepciona depois de vê-lo, vale muito a pena, muitas pessoas vão querer ver novamente para se apegar aos detalhes que podem passar desapercebidos, o mais importante sem dúvida alguma é vê-lo sem saber dos detalhes, se ler alguma coisa muito reveladora, comparações e outras coisas certamente vai estragar o final, o filme usa um frase muito interessante que acho que ficou marcante que é: “o mundo dos vivos às vezes se confunde com o mundo dos mortos”, excepcional.
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