Uma das continuações mais esperadas de todos os tempos, seja pelo grande apelo comercial ou mesmo pelo grande sucesso do primeiro filme e também dos livros de J R R Tolkien, a verdade é que 'O Senhor dos Anéis: As Duas Torres' foi mais um sucesso nas bilheterias de todo o mundo e acabou agradando a maioria do seu público, sejam eles os mais exigentes que leram todos os livros e agora querem desfrutar da história em imagens no cinema ou mesmo os novos adeptos, novos fãs e ainda outros que agora passaram a ter vontade de ler também o sucesso literário, muitos poucos acabaram saindo insatisfeito, mesmo porque é um filme que não tem começo, pois já houve e ele é voltado exclusivamente para quem já viu esse inicio, e também não tem final assim como o primeiro não tinha, então o público que não gosta são sem dúvidas as pessoas menos atentas, um leitor mais fanático ou ainda quem gostou muito do primeiro e esperava talvez algo muito melhor, o que de fato não acontece.
O excelente diretor Peter Jackson optou por modificar um pouco a história contada no livro, algo que já era muito esperado pois é realmente muito difícil fazer uma adaptação de livro para cinema de uma maneira tão fiel, a primeira grande mudança foi na maneira como contar os acontecimentos, no livro eles seguem ocorrendo separadamente e no filme são colocados numa ordem cronológica mostrando cada hora uma parte de uma história para que melhor pudesse ser acompanhado pelo público, basicamente temos três histórias paralelas com fatos em comum mas que poucas vezes tem ligações umas com as outras, algo semelhante com o filme 'Traffic' onde também tínhamos três história distintas e com fatos em comum só que um pouco mais de ligação e encontros entre as histórias.
A primeira história segue contando a saga de Frodo (Elijah Wood) e seu fiel escudeiro Sam (Sean Astin) na tentativa de levar o Anel até Mordor e destruí-lo, a eles se juntará Gollum/Sméagol (Andy Serkis) um ser esquizofrênico e esquisito feito por computador que já havia aparecido no primeiro filme mesmo que de uma maneira desapercebida dado como um dos portadores do anel no passado, o mais interessante neste personagem que rouba a cena toda vez que aparece com sua voz engraçada é que ele possui duas faces, uma má e traiçoeira e outra bondosa, melancólica e perdida que tenta expulsar a outra e seguir com sua tarefa que será guiar Frodo e Sam até Mordor para que cumpram seu objetivo, apesar de uma excelente participação Gollum foi vítima da segunda e maior mudança feita por Peter Jackson que é no final do filme onde um de seus principais momentos no livro acontece, mas nada que prejudique tanto principalmente para quem não leu o livro, ao contrário do primeiro filme a participação de Frodo não é o ponto alto deste mesmo tendo em seu caminho muitas coisas interessantes como um pântano onde pessoas mortas são vistas na superfície das águas e o seu encontro com Faramir, irmão do falecido Boromir, o humano que fazia parte da Sociedade do Anel no primeiro filme, o detalhe é que assim como Boromir, Faramir também será tentado a pegar o anel de Frodo, ponto alto dessa parte assim como a tentação do próprio Frodo em querer usar o anel novamente e luta contra mais um cavaleiro negro que agora vem voando num dragão.
Na Segunda história nós vemos os outros dois hobbits Merry (Dominic Monaghan ) e Pippin (Billy Boyd) que ficaram perdidos e foram capturados pelos orcs, mais tarde acabarão fugindo para a floresta Fangorn onde encontraram as Ents, árvores falantes que podem até parecerem bem inadequadas e soar muito esquisito num primeiro momento talvez porque todos já estejam muito acostumados à hobbits, Elfos imortais, orcs e tantos outros seres e esquisitos que até se esquece que a maioria e irreal e fictícia, em destaque aparece Barbárvore que pensará que os dois são espiões dos orcs por nunca ter ouvido falar de um hobbit, nem de nenhum condado, mais tarde aconselhada pelo que ela mesma chama de "Mago branco" passará a guiar e proteger os dois e junto com outras Ents tomaram uma difícil decisão no final.
Já na terceira e mais interessante história estão a maioria dos personagens, é também a parte que envolve a trama mais complicada e as melhores e mais difíceis cenas, Aragorn (Viggo Mortensen), juntamente com o Elfo Legolas (Orlando Bloom) e o Anão Gimli (John-Rhys Davies) partiram no final da primeira parte em busca dos orcs e também na procura dos dois hobbits perdidos, na floresta Fangorn encontrarão Gandalf (Ian McKellen) que não morrera como acredito poucos pensaram, só que agora ao invés de ?o cinzento? ele agora é Gandalf, o branco, junto com os três partirá para o reino de Rohan para salvar o Rei Théoden (Bernard Hill) que foi vítima de uma maldição de língua de Cobra (Brad Dourif) a mando do feitiçeiro Saruman (Christopher Lee), aqui ainda teremos um clima romântico entre Aragorn e a sobrinha do Rei, Éowyn (Miranda Otto), mas ele ficará relutante pois ainda é apaixonado pela Elfo Arwen (Liv Tyler) que ainda o espera mesmo sem ele saber pois é a todo momento aconselhada pelo pai que vê como impossível o amor entre um mortal e uma imortal; ameaçados em seu reino partirão então para o Abismo de Helm onde tentarão se proteger do exército organizado por Saruman formado por cerca de 10000 orcs que tem como objetivo acabar com toda a raça humana, a batalha reserva para o filme o seu ponto alto, é o momento mais emocionante e empolgante, filmado com muito destreza e conduzido de uma maneira exemplar, as cenas são muito bem alternadas e variadas e ainda conta com algumas surpresas a cada instante, nem de longe é chato ou cansativo e mesmo com uma resolução meio simples ou até difícil de acontecer realmente ficou muito bom.
Mais uma vez entre os pontos baixos estão a longa duração que pode tornar o filme bem cansativo principalmente no seu inicio e nos momentos de diálogos muito longos e perdidos que servem para dar uma melhor explicação e base para futuros acontecimentos, algumas cenas acabaram ficando um pouco longas demais e ás vezes parece que determinada história foi esquecida pois demora para voltar a aparecer, é possível até esquecer onde estava tais personagens quando houve o corte para outros acontecimentos, por isso vale uma atenção redobrada durante toda a projeção, mais uma vez também tivemos efeitos especiais em exagero para alguns momentos, claro que em determinadas partes como por exemplo para Gollum e 10000 orcs é impossível que não se use deste recurso, mas algumas partes acabam ficando artificial por demais e tiram um pouco da realidade que o filme tanta passar como quando Mordor aparece pela 1ª vez, existe ainda um erro de montagem quando os orcs estão chegando a Helm, um dos arqueiros solta uma flecha por acidente quando todos estão com elas nos arcos prontos para atacar, depois quando recebem a ardem de atacar então tiram a flecha das costas sendo que já estavam com ela na mão, é pequeno mas é um errinho, por outro lado o filme tem muitos aspectos interessantes como as batalhas que lembram muito as guerras de muitos séculos atrás, a trilha sonora que deixa tudo mais interessante, além do figurino e os maravilhosos cenários da Nova Zelândia que fazem realmente o filme parecer estar acontecendo num lugar muito além de nossa imaginação, aliás temos até a aparição de um mapa da Terra Média, lugar onde todos estão, algo que muitos sonham em ter e que sem dúvida ajuda muito para acompanhar a história toda visto que são muitos nomes de lugares e povos e todo mundo andando para todo lado seja a pé ou de cavalo.
Além do destaque para Andy Serkis, que ganhou um prêmio no MTV Movie Awards obviamente aparecendo como Gollum e Sméagol e causando uma bagunça pois ficou gritando e xingando por demais, outro que se destacou foi Viggo Mortensen que é o que recebeu maior destaque neste filme, ele já havia tido uma boa participação no primeiro e conseguiu manter e até melhorar um pouco, Orlando Bloom continua muito apagado basta comparar com sua participação em 'Piratas do Caribe: A Maldição do Pérola Negra', Davies recebeu a tarefa de dar um tom mais cômico ao seu Anão e na minha opinião não foi feliz, Lee continua esquisito com seu Saruman e Ian McKellen teve menos espaço mas continua bem, entre os novos tanto Miranda Otto como Bernard Hill apareceram muito bem traduzindo bem tudo o que seus personagens sentiam, Sean Astin (o eterno Goonie) contou com alguns momentos esquisitos ao lado de Elijah Wood para mostrar sua fidelidade ao companheiro mas mesmo assim esteve bem assim como seu parceiro e mais uma vez Liv Tyler aparece muito pouco mas sempre que aparece é uma maravilha dos céus.
Este é sim um filme para um público direcionado, exclusivamente para quem viu o primeiro filme ou que tenha lido o livro mas acredito que este último sem dúvida não deixou de ver o filme, para quem não viu ainda não pode deixar de correr para as locadoras e acompanhar em vídeo ou DVD as duas partes e estar em dia para a estréia da terceira e última que encerra a trilogia do sucesso de Tolkien no dia 25 de Dezembro de 2003, que deve contar com salas cheias nos cinemas, eu particularmente espero que este seja talvez o melhor dos três filmes pois deve contar com momentos mais emocionantes e outros tão intensos como muitos que já houveram, 'As Duas Torres' que aliás nem existe uma grande explicação para esse nome é mais um grande filme mas não supera o primeiro em termos de produção e dinâmica mas é indispensável e deve ser julgado mais precisamente juntamente com os outros dois filmes pois se trata apenas de um trecho de toda a história, justamente a parte do meio, a mais confusa e impossível de ser vista isoladamente, por isso jamais o faça.
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