O que mais se especulou sobre Dias de Trovão, tempos depois de ter aparecido nos cinemas, foi o fato dele ter surgido apenas porque as corridas da NASCAR (categoria de corrida de carros de turismo tipo Stock Car, nos EUA) estavam em baixa, perdendo público, audiência e também patrocinadores (de onde vem a maior parte do dinheiro), a ideia então era lembrar as emoções das provas para os fãs e tentar conquistar as pessoas que não tinham o costume de acompanhar esse esporte. No final teve um resultado agradável para os produtores.
O roteiro foi escrito pelo próprio Tom Cruise em parceria com Robert Towne, e conta a história de um jovem piloto de outra categoria que começa a competir na NASCAR. O mecânico e veterano em corridas Harry (Robert Duvall) é chamado por um dono de uma equipe para voltar à ativa trazendo um carro, ele lhe apresenta o jovem piloto Cole Tickels (Tom Cruise) que já nos testes mostra serviço, daí para frente começará uma acirrada disputa com outro piloto que já estava na categoria, Rowdy (Michael Rooker) até conseguir acertar o carro e aí sim virar de vez uma pedra no sapato do adversário.
Em uma das corridas, que aliás são extremamente bem filmadas, acontece um acidente onde Cole e Rowdy acabarão envolvidos e indo parar num hospital, nesse momento entra em cena a Doutora Claire (Nicole Kidman) dando outro ritmo ao filme e que irá viver um romance com Cole. Quando Cole voltar às pitas terá outro rival, o cara que o substituiu no período que não pôde correr. Uma das particularidades do filme são as várias alternativas que ele toma, quando você pensa que vai ficar na mesma, ou seja, Cole brigando com Rowdy o tempo todo acaba surpreendido, são várias reviravoltas e você pouco imagina o que vem pela frente.
Outro fator importante é ver como as coisas acontecem com naturalidade, realmente não tem nada forçado e o filme é conduzido num ritmo harmônico, você não perde o foco e ainda conta com ingredientes muito bons como frases de efeito e cenas hilariantes, destaque para a que o ônibus é parado por policiais. A direção de Tony Scott não tem erros, ele já havia trabalhado com Cruise em Top Gun - Ases Indomáveis (1986) e foi muito feliz aqui quando não exagerou em cenas de acidentes, quem já viu o recente Alta Velocidade (2001) pode ficar tranqüilo, não há nada para se comparar nem mesmo na história nem nas cenas de corridas, em Dias de Trovão existe muito mais trama, inclusive a parte que fala sobre o piloto que morreu durante uma corrida é muito interessante, pois muitos morrem de verdade.
No final é claro mais uma corrida, a que recebe maior ênfase e a que reserva maior tensão, um final muito bom para ela, com bastante originalidade, fator que reinou em toadas as cenas de corridas, ou seja, cada uma com algo diferente e novo para acontecer. O ator Tom Cruise já estava consagrado quando fez este filme dadas excelentes atuações como em Rain Man (1988) e Nascido em 4 de Julho (1989), teve uma boa participação e caracterizou bem um piloto de corridas com um corte de cabelo bem feito e camisetas que tem golas que cobrem o pescoço, exatamente como as dos verdadeiros pilotos, ele ganhou a garota no filme e na vida real, casou-se com Nicole Kidman e ainda voltou a fazer mais filmes ao lado da moça, com destaque para De Olhos bem fechados (1999) (hoje já se separaram), Kidman começava a despontar no cinema mas aqui teve uma participação modesta.
Já Robert Duvall roubou a cena em vários momentos interpretando o tipo paizão e que também luta pelos objetivos, ele voltaria a fazer filmes de velocidade mais tarde como em 60 segundos (2000) curiosamente um papel bem parecido. Quem teve uma boa participação também foi Michael Rooker, bem melhor que Cary Elwes, o piloto substituto. Infelizmente a corrida de NASCAR não é muito divulgada no Brasil, disputada sempre em circuitos ovais ela tem como principal prova a Daytona 500, onde acontece a última corrida do filme, e a primeira também, aliás o filme começa com cenas de arrepiar, muita emoção logo no inicio.
Aqui no Brasil existe a Stock Car Brasil, mas acontece em circuitos mistos e com muito menos carros. É um filme para curtir e se divertir muito, eletrizante e emocionante, entre as melhores cenas estão a do hospital quando os dois estão em cadeiras de rodas e a disputa nas ruas quando pegam carros alugados e vão a um almoço. Outro momento bom que vale destacar é antes da última prova, quando os outros pilotos dão entrevistas à ESPN, em cena parecida com a de Falcão, o campeão dos campeões (1987) só que em Falcão foi muito maior e mais bem feita, mas aqui é interessante também.
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