Não existe qualquer dúvida de que ‘X-Men 2’ chegou arrasando. Tratado como uma das melhores adaptações de quadrinhos para o cinema (talvez um exagero que só fãs podem desmentir), esse segundo filme teve muito mais divulgação devido ao grande sucesso do primeiro e contou com outro fator muito interessante que foi sua estréia mundial, onde não só nos EUA como em muitos outros países como o Brasil alcançou o primeiro lugar logo de cara e ainda se tornou uma das cinco maiores estreias de todos os tempos, e no Brasil foi a maior do ano até agora. Os dados justificam ainda mais as qualidades e forças que este filme possuí.
O primeiro ponto importante que temos nessa continuação é que ela foi muito mais explorada e possuí um roteiro extremamente melhor que o original. Continuam aqui as divergências entre humanos e mutantes, só que os humanos aparecem um pouco menos e o que mais se destaca é Stryker (Brian Cox) que desenvolveu uma técnica particular de persuadir os mutantes a fim de que os mesmos usem seus poderes da maneira que ele quer, assim sendo ele irá capturar o professor Xavier, só que o bom e velho Charles é tão forte que ele precisa de outro mutante para fazer o serviço, um dos poucos que Xavier não conseguiu ensinar seus conhecimentos quando ele era criança, ironicamente Stryker é pai deste mutante.
Mesmo não sendo uma história simples, ela possui ainda muito mais do que isso, realmente o diretor Bryan Singer teve um objetivo e conseguiu se superar, ser melhor que ele mesmo, apresentar um filme melhor que o primeiro. No inicio ele preferiu mais uma vez fazer breves apresentações, novos personagens e algumas cenas que seriam fundamentais para outras da parte final como aquela em que Xavier está no Cérebro junto com Wolverine, além é claro de mostrar os poderes de cada mutante e ainda ir separando-os em grupos para depois se juntarem, assim o filme ganha mais ramificações e fica ainda mais interessante, são tantos dados que até demora um pouco para o filme realmente começar, ou seja, para você descobrir o que está de fato acontecendo, qual é o verdadeiro objetivo da trama, e mesmo assim nunca vai ficar claro o ponto chave da história e a cada cena nós teremos uma reviravolta incrível e muito bem colocada.
Eu posso dizer que o filme consegue melhorar ainda mais com o passar do tempo, sempre há algo mais para acontecer e isso não deixa o filme cansativo porque são cenas rápidas e sem enrolação, muito bem feito mesmo. Dentre os novos mutantes nós temos aparição de Noturno (Alan Cumming) que está extremamente e muito bem caracterizado, além é claro de ser um personagem muito excêntrico e que é também muito religioso, proporciona um inicio de filme absurdamente eletrizante, esse inicio pode não figurar entre os melhores que já passaram, mas ele marca demais e serve definitivamente para mostrar o que vem por aí, é uma das cenas de deixar qualquer um de boca aberta ao lado da de quando fogem da represa, o poder de Noturno é se teletransportar e terá participações indispensáveis, mais tarde vai ainda irá ter uma afinidade muito intensa com a Tempestade (Halle Berry).
Essa foi uma das personagens que ganhou mais espaço, Tempestade ainda não pode voar quando quiser mas ao contrário do primeiro filme quando só usou seus poderes uma vez aqui ela tem muito mais espaço e muito mais ação, podemos dizer que a Tempestade esteja muito mais Halle Berry, ou seja a atriz mostrou seu talento digno de Oscar e conseguiu transformar seu personagem, além do fato de começar um certo romance que sem dúvida é ponto fundamental para chamar a atenção da maioria que assiste. Quem certamente dispensa comentários é a estrela Wolverine (Hugh Jackman), o personagem mais amado pelos fãs, se é possível dizer ele melhorou ainda mais sua participação, teve ainda mais espaço para aparecer, o que o deixa ainda mais forte e sem chances de não considerá-lo com personagem principal, aqui Wolvie terá a chance de descobrir ainda mais sobre seu passado, cenas muito bem feitas também e que não atrapalham nada o desenvolver da história, o mais incrível é que todas essas lembranças tem a ver com o Stryker, dizem que serve para amarrar os fatos e não deixar pontas nas tramas mas é bastante coerente e convincente.
Wolverine ainda terá que lutar com uma mutante que é semelhante a ele, atenção nesta cena para entender o seu desfecho. O professor Xavier (Patrick Stewart) que também é um dos que mostra maior semelhança com os quadrinhos, tem participação fundamental, mas só para o personagem, o ator pouco pode fazer senão marcar presença, apesar de ter expressões fascinantes, já seu bom e velho amigo Magneto (Ian McKellen) melhorou muito com relação ao primeiro filme, menos sério e mais determinado, ele terá que se juntar aos X-Men para salvar sua própria pele também, mas é claro continua sendo do lado mau e proporciona uma saída fantástica no final, ele mostra definitivamente que é tipo um Lex Luttor, ou seja, um personagem mau que jamais poderá ser descartado.
Outros que aparecem muito bem são a Mística (Rebeca Romjin-Satamos) que também está com uma caracterização perfeita e o fato dela poder tomar forma de qualquer outra pessoa ainda renderá momentos bastantes interessantes como quando seduz o Wolverine e engraçados quando toma forma de um faxineiro, praticamente todas as vezes que ela está disfarçada é possível saber, uma pena mas não estraga o filme de maneira alguma, temos também a melhora considerável de Jean Grey (Framke Jemsen) que desenvolveu ainda mais seus poderes e vai mostrar o que realmente sente por Wolverine.
Em segundo plano temos ainda muitos outros personagens que se destacam, a melhor é Vampira (Anna Paquim) que como vimos no final do primeiro filme vai ganhar uma mexa branca no cabelo, não foi tão enfatizada aqui como no original mas terá seu espaço e poderá mostrar seus poderes, continua sendo uma atriz muito jovem para uma personagem tão forte como Vampira, ela terá ainda um namorado, o Homem Gelo, que também ganha seu espaço a terá uma boa cena junto a sua família que mora em Boston e não sabe que ele é mutante, ainda temos o Pyro, que é o mutante que controla o fogo e o inexpressivo James Marsden fazendo o tão importante Ciclope que apesar de ter melhorado um pouco e ter alguns momentos interessantes como no final triste, continua deixando este personagem abaixo das expectativas.
O filme além de muita ação e adrenalina, conta com um fator fundamental que é ter uma mensagem para passar, que fala do preconceito entre os seres humanos, claro que é o dos mutantes, mas sem dúvida tem fundamento e todos os tipos de exclusão, sejam sociais, raciais e sexuais, acredito que mesmo com o inicio e o final caindo em cima deste tema de forma direta o primeiro filme o mostrou com mais fundamento, aqui o que marca mesmo é a história e as cenas explosivas, mas as ideias estão sempre lá, isso é muito importante para um filme e o deixa mais completo, mesmo assim ainda acho que não é tudo, e o filme em si tem de manter a coerência da ficção e seguir da maneira mais fiel possível os originais em quadrinhos, aspectos que mais uma vez foram deixados de lado como alguns cortes de cabelo e as famosas roupas coloridas, fica muito mais fácil o diretor trabalhar com o que ele quer mas ele mudou um conceito pré estabelecido, alguém que ficou dias desenvolvendo um personagem criando uma roupa e tudo mais, ele simplesmente deletou isso.
Sinceramente ainda espero ver nos filmes futuros uma caracterização total com os desenhos originais, porque as revistas não são apenas para serem lidas e sim para serem vistas também, da mesma maneira que você repara nas garras do Wolverine e no capacete do Magneto, você repara na roupa da Tempestade e no cabelo da Jean, se a revista não for para ser vista então que se leia um livro. Neste X-Men 2 temos o surgimento de muitos novos personagens, aliás muitos que nunca ouvi falar, e ainda contamos com o descarte de outros como o Dentes de Sabre, que fez falta já que no primeiro o Wolverine pegou raiva dele e nos quadrinhos é um dos grandes oponentes de Wolvie, e continuamos sem o famoso francês Gambit, que se não for interpretado por um ator à sua altura será uma grande pena, o intelectual Fera que já foi prometido para a terceira parte.
E eu não acho muito interessante ter muitas crianças no filme mas elas até que não aparecem muito, o que foi interessante é que uma delas foi chamada de Jubileu, mais uma personagem importante que deve surgir definitivamente no terceiro também. Aqui nós temos maior ênfase na nave, ou avião como eles dizem, que foi até bem feita e ainda temos mesmo que um pouco alterada o tema dos X-Men, a música que marcou o desenho animado na TV e que é muito instigante. É um filme bárbaro, com seus defeitos, até mesmo de furo na trama como quando o Xavier é obrigado por um mutante a matar todos os outros mas nem ele nem esse mutante são atingidos, acredito que a própria sala os protege e o professor não pode atingir ele mesmo, temos também uma perda no final que espero seja reparada no futuro pois também acho que o diretor não tem direito de eliminar personagens, principalmente os fundamentais, mas tantas coisas ruins são superadas pelas coisas boas e o resultado final acaba agradando muito tanto os fãs como os novos adeptos, é um dos grandes lançamentos do ano ao lado de ‘Matrix’ e ‘Exterminador do Futuro 3’ e o maior da Fox já declarado, e entra para o hall das continuações que deram certo sem dúvida alguma, é ver para crer.
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