quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Stigmata (1999)

Stigmata
Um suspense de tirar o fôlego, ‘Stigmata’ é um filme que bate de frente com os princípios da Igreja e sofre com a recriminação não merecida. Ele tenta mudar as palavras do Vaticano alegando existir um novo evangelho escrito por Jesus Cristo vivo, que no caso fora encontrado em meados do século passado mas nunca reconhecido e ainda considerado como heresia. O problema é que o filme mostra o assunto com tanta convicção e as palavras são de forma tão interessantes e muito verdadeiras que ele convence e encanta a maioria das pessoas que assistem, é incrível, mas muitas pessoas mudaram sua forma de pensar e agir perante Deus após ver esse filme e apuraram realmente sua fé.

O roteiro segue uma forma meio diferenciada para mostrar o que quer, ou seja, não temos pessoas católicas com muita fé ou um padre dedicado totalmente à sua profissão, temos sim uma moça ateia, Frankie Paige (Patricia Arquette), que é cabeleireira e adora curtir a noite, e o Padre Vignielli (Gabriel Byrne) que prefere abrir seus olhos mais para a ciência pois quer descobrir mais de onde o homem veio e como, mas não deixa de lado seus princípios religiosos.

No início do filme Vignielli está no Brasil investigando uma santa que chora sangue (Fala-se muito de São Paulo e tal mas a cidade para qual ele viaja é alguma coisa Quito, parece Equador e ficou estranho). Ele presencia a morte do Padre Almeida, o qual tem seu terço roubado, tal objeto religioso vai parar nas mãos as Srta. Paige, através de sua mãe, ela passará então a receber os estigmas de Cristo, que são as feridas sofridas por ele quando fora crucificado, no total são cinco feridas e nunca ninguém que tenha sofrido essa dádiva teve as cinco.

E como não poderia de ser diferente, o Padre será designado para investigar o caso, no final é explicado porque ela foi a escolhida. Com o passar do tempo então poderemos ver que além de receber os Estigmas, Paige estará em alguns momentos possuída, e escreverá muitas palavras em outra língua, no caso um dialeto que não é usado a mais de 1900 anos. O Padre vai se interessar cada vez mais pelo caso e na parte final poderemos ver a grande conspiração que existe por trás de tudo e se indignar um pouco mais com a Igreja que é realmente uma grande instituição poderosa e de certa forma manipuladora da sociedade, não por Deus e sim pelas pessoas de má fé que se dizem religiosas e que estão lá dentro só para corromper.

O diretor Rupert Wainwright fez um trabalho excelente, pulando da aventura juvenil ‘Cheque em Branco’ para este maravilhosos suspense. Ele consegue um resultado final incrível, conduz a trama de uma forma majestosa apresentando cada detalhe de cada vez e fazendo o telespectador entrar aos poucos nas ideias que o filme quer passar e convencendo a cada cena, os momentos em que Paige recebe as feridas são os melhores, em alguns é de ficar de boca aberta e é de arrepiar o corpo inteiro, muito sinistro e bem feito, o melhor é quando ela ataca o Padre, foi usado uma fotografia excelente que nem sempre é de tons escuros e não prejudica o visual da fita em nenhum momento como costuma acontecer nesse tipo de filme, Rupert é daqueles que adora uma cena fechadinha também e usou alguns ângulos interessantes como uma tomada de dentro do microondas logo no início e mais tarde uma de dentro da geladeira, muito bom.

Em alguns outros momentos o filme lembra ‘O Exorcista’ quando supostamente estão fazendo um exorcismo da moça sem saber o que acontece de fato com ela e quase no final quando tem fogo por toda parte lembra ‘O Advogado do Diabo’, mas isso é isolado pois a história aqui não tem nada a ver com nenhum dos dois. Gabriel Byrne, de ‘Os Suspeitos’, teve uma boa participação. O engraçado é que aqui ele é Padre e em ‘Fim dos Dias’ é o próprio Diabo, mas quem teve uma excelente atuação foi sem dúvida alguma Patricia Arquette, dona de um sorriso encantador (mesmo sem ter os dentes perfeitos) e um olhar penetrante, ela encanta qualquer um e nos momentos de sofrimento consegue transmitir tudo que sente de uma maneira surpreendente. Acredito ter sido uma de suas melhores participações ao lado de ‘Amor a queima roupa’ que fez com Christian Slater e onde esteve ótima também.

Eu sou católico, acredito em Deus e nas palavras de Jesus Cristo, não sou um frequentador assíduo da Igreja e não costumo ler a Bíblia (leio apenas alguns trechos do Novo Testamento), tenho a mente aberta ao que é novo e à qualquer coisa, costumo rezar normalmente e não tenho nenhum problema em entrar na Igreja também, mas depois que vi esse filme resolvi expandir mais o meu conhecimento e mesmo se tratando de um filme, ou seja, não é nada oficial pode ter sido inventado e tudo mais, passei a seguir alguns dos seus conceitos. No final temos um grande trecho do que seriam as ‘Máximas de Jesus Cristo escritas em pessoa’, as quais foram encontradas no século passado, dizem mais ou menos assim: “O Reino de Deus está dentro de você, e a sua volta, não em prédios. Corte uma pedaço de madeira e me encontrará, levante uma pedra, e eu estarei lá”. Quem quer acreditar acredite, não acho que todos tem de parar de ir à Igreja ou parar de falar com os Padres, mas acredito que deva aceitar algumas coisas novas e não ficar escondido atrás da Bíblia.

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