terça-feira, 4 de setembro de 2018

Confissões de uma Mente Perigosa (2002)

mente
A vida de um dos maiores produtores da TV norte-americana ABC é retratada de forma fiel em ‘Confissões de um mente perigosa’ que é baseado no livro, manuscritos e entrevistas do próprio Chuck Barris, que foi o responsável pela criação de inúmeros programas de auditório como ‘Namoro na TV’ e ‘A hora do gongo’, muitos deles copiados pela TV brasileira até hoje provando o sucesso e a eficiência de Barris.

O filme começa no ano de 1981 onde Chuck (Sam Rockwell) está trancado num quarto de hotel lamentando os erros que cometera na sua vida. Logo em seguida ele começa uma narrativa sobre os principais fatos de sua história desde 1941, temos então uma seqüência desenfreada de cenas com palavrões sem limites, sexo, nudez e muita depravação, muitas pessoas deixam de ver o filme devido a este inicio que não mostra o que realmente vem pela frente.

Chuck acaba conhecendo Penny (Drew Barrymore) com quem passa a ter um relacionamento mais sério. E em meio a tentativas de fazer sucesso na TV ele é convidado por um cara (George Clooney) para ser agente da CIA, acaba convencido e depois se arrepende por ter conseguido aprovação de uma de suas ideias na TV. Mesmo com o sucesso de seus programas, Barris vai sentir a necessidade de matar novamente e continuara fazendo trabalhos para a CIA onde em uma de suas viagens acabará conhecendo Patricia (Julia Roberts).

Um pouco mais tarde sua vida passará a ser um pesadelo quando descobrir que alguém está matando vários agentes secretos e ele pode ser o próximo alvo. No final duas grandes surpresas que ficaram muito interessantes, aliás vale a dica, preste muita atenção na explicação para o que acontece pois é muito confuso, eu particularmente acredito até em um erro aqui.

Apesar de muito drama o filme conta com cenas de comédia também, as tomadas que mostram trechos dos programas de TV foram recriadas com precisão e são muito engraçadas, uma num tal ‘Jogo dos recém-casados’ onde o apresentador pergunta para a moça “qual lugar ela já teve vontade de fazer sexo?” é demais quando ela responde, muito sarro mesmo, isso tudo ajuda o filme a não cair na mesmice e não ficar chato e cansativo, pelo contrário, é muito alegre e até emotivo em alguns momentos, sendo um dos melhores quando mostra uma seqüência de cenas ao som de uma música do Elvis, interpretado por um calouro no programa ‘A hora do gongo’, aliás a trilha sonora com músicas antigas é bem peculiar e o figurino foi extremamente caracterizado, além dos cenários belíssimos muito bem produzidos.

George Clooney assina também a direção do filme, foi uma excelente estréia para o galã de “ER” se levar em conta que ele tinha em mãos um roteiro bem confuso e cheio de armadilhas. Clooney aproveitou para ousar um pouco fazendo algumas tomadas excêntricas como uma logo no inicio onde os personagens xingam uns aos outros sem parar, ele vira a câmera várias vezes e cada hora mostra uma pessoa e em lugares diferentes. Uma outra cena que ficou boa é quando ele fecha no olho de Chuck que está falando sobre sua ideia para Penny e quando abre ele já está em outro lugar falando com outras pessoa a mesma coisa, ele aproveitou também para filmar em reflexos e através do vidro, em uma pegada estranha ele filma por baixo cortando o rosto do personagem entre o nariz e a boca, mas foi só uma vez.

A fotografia também ficou muito boa, a luz foi intensamente trabalhada tendo ótimas cenas que iluminam apenas o rosto dos atores, e lembrando um pouco ‘Traffic’ nós temos cenas amareladas e até esverdeadas, principalmente quando são fora dos EUA. O ator Sam Rockwell deve finalmente ganhar seu espaço após este filme, atuando sempre como coadjuvante teve papéis notáveis como em ‘As Panteras’ e ‘À espera de um milagre’ mas nunca marcantes, ele apareceu muito bem por aqui e soube conduzir o filme com proeza, apenas um detalhe o faz deixar a desejar, é que ele não tem aparência certa para interpretar o Chuck Barris de 1981 que tinha mais de 50 anos, eu sou contra maquiagem que muitas vezes não fica boa mas sem ela aqui ficou muito esquisito.

A bela e meiga Drew Barrymore, também de ‘As Panteras’ e mais conhecida pelo seu papel de infância em ‘E.T. o extraterrestre’ está muito bem como Penny, fazendo o tipo garota doidinha sem rumo mas sempre consciente tem em um dos seus melhores momentos o que pega Chuck com outra dentro da própria casa, a participação de Julia Roberts é bem restrita mas muito importante, o filme ganha muito com sua aparição e ainda temos Brad Pitt e Matt Damon fazendo juntos uma ponta bem rápida como participantes do programa ‘Namoro na TV’ e nem recebem falas mas a cara que fazem é tão cômica que nem precisavam, os dois mais Julia e George estavam juntos também em ‘Onze Homens e um segredo’.

Este é um filme bem peculiar e bem feito, exige muita atenção e diverte ao mesmo tempo, a quem até ache que nas lembranças de Chuck exista muita fantasia, que ele tenha inventado tudo isso, o final pode até dar a entender isso mas eu particularmente acredito que não haveria motivos para ele se lamentar tanto senão pelo fato de ser um matador profissional, no mais a única coisa que se tem de concreto mesmo sobre a vida dele é a parte em que trabalhou na TV mesmo e onde chegou até ser apresentador e reconhecido nas ruas e tudo mais, ainda temos uma participação do próprio Chuck em pessoa na última cena e relatos das pessoas que o conheceram, é assistir e tirar suas próprias conclusões.

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