sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Uma Lição de Amor (2001)

Sam
Eu não sei porque, mas existe uma grande dificuldade das pessoas para aceitar um filme dramático. Sempre falam mal chamando de dramalhão e insistem em dizer que são feitas cenas para se fazer chorar, talvez porque não aceitem o fato de que realmente se emocionaram com determinada cena e tiveram sim vontade de chorar. Em ‘Uma Lição de Amor’ nós temos uma linda história e que pode sim fazer chorar e certamente não é forçado, basta estar com o coração aberto e sentir se isso mexe ou não com os seus sentimentos, existem muitos tipos de filmes, uma infinidade, e esse é sem dúvida voltado para poucas pessoas, somente aquelas que tem uma grande capacidade de olhar para o lado e além de aceitar, entender e compreender o drama que vive o próximo.

Sam (Sean Penn) foi abandonado junto com sua filha recém nascida na porta do hospital pela mãe dela que era uma sem teto e que não queria ter uma filha (apenas um lugar para dormir, conta o filme!?!?). O detalhe é que ele é um deficiente mental com QI de uma criança de 7 anos e terá uma dificuldade para criar o neném tendo de ser muitas vezes ajudado pela vizinha (Dianne Wiest) e seus bons amigos que também são deficientes dos mais variados tipos.

Isso tudo vai até quando a garota completa sete anos é descoberta pela assistente social e tirada do pai ficando sob custódia até ser adotada por uma outra família. Sam então é orientado pelos companheiros e vai em busca de um bom advogado mesmo sabendo que não poderá pagar pois não consegue se promover no emprego. Assim acaba encontrando uma advogada (Michelle Pfeiffer) que é muito estressada e atarefada e que não lhe da muita atenção no início, mas provocada pelas colegas acaba aceitando o trabalho em "pro bono", ou seja, sem cobrar pelo serviço. Aos poucos ela acabará se apegando ao caso e também percebendo como a relação dela com seu filho é diferente da de Sam e sua filha e receberá ajuda dele além de ajudá-lo.

São muitas cenas inteligentes e interessantes, alguns momentos de comédia como o que ele vem correndo atrasado com um bolo e tropeça e cai. Sam gosta muito dos Beatles e da o nome de sua filha de Lucy por causa da música ‘Lucy in the Sky’, além de fazer citações da banda quase todo o tempo comparando com coisas do momento, como números e datas inclusive defendendo Yoko Ono da morte de Lennon.

O ritmo do filme também é muito intenso e nem da para perceber a hora passar exceto nos últimos 15 minutos onde existe muita repetição e enrolação até o final que na minha opinião pode ser compreendido de duas maneiras dadas tantas ideias de soluções para o caso, uma pena mas pelo menos foge do óbvio e direto.

Não há dúvidas de que a atuação de Penn é espetacular recebendo até a indicação ao Oscar, o caso dele não é tão grave como por exemplo o de Dustin Hoffman em ‘Rainman’ mas também ele não chega a ser o Tom Hanks de ‘Forrest Gump’ que não era tão deficiente assim, Sean convence todo o tempo e essa é uma de suas melhores atuações ao lado de ‘Reviravolta’. Pfeiffer está linda como sempre, mas exagerou um pouco em sua personagem e a pequena Dakota Fanning dá um show a parte e mesmo recebendo algumas falas prontas de uma pessoa bem mais velha que ela, consegue conquistar qualquer um, quando ela "sequestrada" pelo pai é o memento mais sensacional.

Uma curiosidade da fita é que os amigos de Sam eram deficientes de verdade como da para notar em pelo menos um, e a vizinha dele apesar de parecer bem normal tem um problema que a faz ficar sempre dentro de casa sem sair, ou seja, ironicamente Lucy foi criada quase sempre por problemáticos e mesmo assim cresceu e uma maneira bem normal, um jeito mais do que essencial para defender os deficientes que merecem sem dúvida o seu espaço sem qualquer preconceito.

É um filme bonito para quem está pronto para vê-lo, nunca mais vai esquecer de Sean Penn arrumando as coisas da cafeteria em que trabalhava e dizendo por exemplo “Capuccino gelado, uma excelente escolha”, aliás são momentos de divulgação que também acontecem com o restaurante IHOP, o Bob’s e quase no final a Pizza Hut, e também daquele olhar doce e meigo de Lucy, para se emocionar, rir e porque não chorar, eu não cheguei a chorar mas quem tiver vontade não segure, e também não pense que o filme te obrigou a fazer isso, um absurdo que é dito por quem não entende nada de drama.

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