Eu não sei porque, mas existe uma grande dificuldade das pessoas para aceitar um filme dramático. Sempre falam mal chamando de dramalhão e insistem em dizer que são feitas cenas para se fazer chorar, talvez porque não aceitem o fato de que realmente se emocionaram com determinada cena e tiveram sim vontade de chorar. Em ‘Uma Lição de Amor’ nós temos uma linda história e que pode sim fazer chorar e certamente não é forçado, basta estar com o coração aberto e sentir se isso mexe ou não com os seus sentimentos, existem muitos tipos de filmes, uma infinidade, e esse é sem dúvida voltado para poucas pessoas, somente aquelas que tem uma grande capacidade de olhar para o lado e além de aceitar, entender e compreender o drama que vive o próximo.
Sam (Sean Penn) foi abandonado junto com sua filha recém nascida na porta do hospital pela mãe dela que era uma sem teto e que não queria ter uma filha (apenas um lugar para dormir, conta o filme!?!?). O detalhe é que ele é um deficiente mental com QI de uma criança de 7 anos e terá uma dificuldade para criar o neném tendo de ser muitas vezes ajudado pela vizinha (Dianne Wiest) e seus bons amigos que também são deficientes dos mais variados tipos.
Isso tudo vai até quando a garota completa sete anos é descoberta pela assistente social e tirada do pai ficando sob custódia até ser adotada por uma outra família. Sam então é orientado pelos companheiros e vai em busca de um bom advogado mesmo sabendo que não poderá pagar pois não consegue se promover no emprego. Assim acaba encontrando uma advogada (Michelle Pfeiffer) que é muito estressada e atarefada e que não lhe da muita atenção no início, mas provocada pelas colegas acaba aceitando o trabalho em "pro bono", ou seja, sem cobrar pelo serviço. Aos poucos ela acabará se apegando ao caso e também percebendo como a relação dela com seu filho é diferente da de Sam e sua filha e receberá ajuda dele além de ajudá-lo.
São muitas cenas inteligentes e interessantes, alguns momentos de comédia como o que ele vem correndo atrasado com um bolo e tropeça e cai. Sam gosta muito dos Beatles e da o nome de sua filha de Lucy por causa da música ‘Lucy in the Sky’, além de fazer citações da banda quase todo o tempo comparando com coisas do momento, como números e datas inclusive defendendo Yoko Ono da morte de Lennon.
O ritmo do filme também é muito intenso e nem da para perceber a hora passar exceto nos últimos 15 minutos onde existe muita repetição e enrolação até o final que na minha opinião pode ser compreendido de duas maneiras dadas tantas ideias de soluções para o caso, uma pena mas pelo menos foge do óbvio e direto.
Não há dúvidas de que a atuação de Penn é espetacular recebendo até a indicação ao Oscar, o caso dele não é tão grave como por exemplo o de Dustin Hoffman em ‘Rainman’ mas também ele não chega a ser o Tom Hanks de ‘Forrest Gump’ que não era tão deficiente assim, Sean convence todo o tempo e essa é uma de suas melhores atuações ao lado de ‘Reviravolta’. Pfeiffer está linda como sempre, mas exagerou um pouco em sua personagem e a pequena Dakota Fanning dá um show a parte e mesmo recebendo algumas falas prontas de uma pessoa bem mais velha que ela, consegue conquistar qualquer um, quando ela "sequestrada" pelo pai é o memento mais sensacional.
Uma curiosidade da fita é que os amigos de Sam eram deficientes de verdade como da para notar em pelo menos um, e a vizinha dele apesar de parecer bem normal tem um problema que a faz ficar sempre dentro de casa sem sair, ou seja, ironicamente Lucy foi criada quase sempre por problemáticos e mesmo assim cresceu e uma maneira bem normal, um jeito mais do que essencial para defender os deficientes que merecem sem dúvida o seu espaço sem qualquer preconceito.
É um filme bonito para quem está pronto para vê-lo, nunca mais vai esquecer de Sean Penn arrumando as coisas da cafeteria em que trabalhava e dizendo por exemplo “Capuccino gelado, uma excelente escolha”, aliás são momentos de divulgação que também acontecem com o restaurante IHOP, o Bob’s e quase no final a Pizza Hut, e também daquele olhar doce e meigo de Lucy, para se emocionar, rir e porque não chorar, eu não cheguei a chorar mas quem tiver vontade não segure, e também não pense que o filme te obrigou a fazer isso, um absurdo que é dito por quem não entende nada de drama.
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