Filme independente extremamente forte e polêmico, 'A Outra História Americana' retrata com requintes de crueldade uma dura realidade que é vista todos os dias no mundo, o preconceito racial, em especial o aplicado pelos denominados neonazistas que combatem negros, latinos, judeus e qualquer outra raça que acusam de estarem invadindo o seu País, anteriormente formavam a Ku Klux Klan e hoje recebem o nome de Skin-Heads, literalmente raspando suas cabeças e utilizando a suástica como seu símbolo.
A história relata a vida de Derek Vinyard (Edward Norton) líder de uma gangue de Skin-Heads que promove saques e roubos a estabelecimentos comercias de imigrantes estrangeiros e briga o tempo todo com rivais negros, tais atitudes racistas foram de certa forma influências de seu próprio Pai cujo ódio aumentou depois que este fora assassinado, Derek passa a cuidar da família e principalmente do irmão Daniel (Edward Furlong) que narra toda a história e o admira inclusive raspando a cabeça também, a mãe (Beverly D'Angelo) mesmo com problemas continua fumando e a irmã é contra qualquer tipo de atitude que o irmão mais velho toma, certo dia depois de arrumar encrenca com negros em uma quadra de basquete ele briga com o namorado da mãe e resolve deixar a casa no dia seguinte, antes porém os mesmos caras aparecem a noite em busca de vingança e dois deles acabam sendo assassinados por Derek que em seguida é preso. Três anos na cadeia acabam ajudando Derek a mudar seu pensamento e passar a ouvir o que o antigo professor da escola tentava lhe ensinar, porém ao sair da prisão ele vê tudo o que criou se tonar algo maior e bem mais obsessivo, seu objetivo agora e livrar o irmão desse mal e salvar sua família.
A direção de Tony Kaye, que acusou Norton e a New Line de terem editado o filme, e boatos dizem que ele abandonou as gravações no final, trabalho que muitos acreditam ter ficado nas mãos de Norton, é muito competente e segura, o fato de se usar cenas em preto e branco para contar os ocorridos anteriormente denominados de flashbacks foi incrível, não só para poder ajudar na compreensão do que está ocorrendo já que a história é toda ela contada aos poucos e muitas coisas só são reveladas com bastante tempo de projeção, mas também porque estas cenas são sem dúvidas as mais fortes e cruéis e isso ajuda a deixá-las mais próximas dessa realidade, o grande destaque vai sem dúvida alguma para cena onde estão almoçando e passam a discutir sobre um negro que foi morto ou agredido por policiais, juntamente com as cenas do assassinato cometido por Derek e algumas da cadeia, talvez a única que esteve um pouco exagerada foi a do saque na loja, o motivo pelo qual o personagem muda seu pensamento é de certa forma interessante mas por se passar de uma maneira um pouco rápida pode não ser muito convincente, o filme demora um pouco a chegar nessa parte mas nenhuma de suas cenas anteriores são descartáveis pois mostram acontecimentos extremamente interessantes e cruéis, muitos feitos de uma maneira bem real e interessante, o clima no final denuncia previamente que algo vai ocorrer, o que é difícil imaginar é quando, como e com quem isso vai realmente ocorrer, a cena é mais uma vez forte e ousada.
Indicado ao Oscar de melhor ator, Edward Norton rouba as cenas em uma atuação realmente fantástica, a sua aparência com cabelos raspados em boa parte do filme e um cavanhaque ajudaram muito mas ele conseguiu além disso fazer uma cara e uma expressão de raiva e ódio que convence a cada momento, Norton sem dúvida já havia conseguido tal proeza em 'As Duas faces de um crime' seu filme de estréia em 1996 mas aqui ele está bem diferente pois ganhou peso e músculos depois de rejeitar um papel em 'O Resgate do Soldado Ryan' filme que ironicamente aplica idéia totalmente contrária a este; outro ator que sem dúvida alguma também chama muito a atenção é Edward Furlong, o jovem que fez um enorme sucesso em 'O Exterminador do Futuro 2' também tem uma ótima atuação e seu personagem tem um espaço que ajuda muito; vale destacar ainda a ótima presença de Beverly D'Angelo mais conhecida pelos papéis em 'Férias Frustadas 1 e 2' fazendo a esposa de Chevy Chase, aqui está em um papel de decadência e humilhação, ama os quatro filhos acima de tudo a ponto de dormir no sofá e deixar os dois quartos da casa para eles; Fairuza Balk como a namorada de Derek parece estar interpretando ela mesma, seu personagem não tem muito a acrescentar a ainda suas atitudes no final parecem idênticas ao que fizera em 'Jovens Bruxas'; participam ainda Elliot Gould como o namorado da mãe de Derek e mais conhecido por fazer o Pai de Ross e Monica no seriado Friends e também aquele gordão que participou do inicio de 'Profissão de Risco' e também de 'Duelo de Titãs'.
Uma grande produção, uma história muito forte, real e dura, sem sombras de dúvidas um dos filmes que melhor abordou tal tema e talvez o que mais convenceu, condenando qualquer tipo de preconceito ou imposição racial, jamais devemos julgar alguém por sua aparência, credo, raça ou classe social, independe de como são ou de onde vem todos tem direitos iguais e liberdade de ir e vir, infelizmente esse tipo de atitude esta bem longe de acabar e dificilmente uma cadeia recupera a mente de uma pessoa assim, o ódio é um dos piores sentimentos pois causa dor a si mesmo e como o próprio filme prega em seu final 'A vida é muito curta para sentirmos ódio o tempo todo'.
Nenhum comentário:
Postar um comentário