terça-feira, 29 de outubro de 2013

A Negociação (2012)

Quem não queria ser um bilionário e morar em Nova York, do lado leste o oeste do Central Park? Ganhar um bolo de aniversário na sua festa de 60 anos tendo a certeza que todos te adoram, até as crianças que já sabem que vão ganhar presentes. Ter uma amante e uma esposa tão cheia da grana que nem lega para isso. Filhos que trabalham na sua empresa e são bem sucedidos. Andar sempre de terno e sempre ter uma forma de controlar os problema. Eu estive pensando o que os ricaços vão pensar caso assistam esse filme. Alguns podem não gostar, afinal ele mostra que todas essas coisas boas não significam nada se você se der mal de alguma forma, mas no final as coisas mudam, e o pessoal cheio da grana pode até gostar, porque eles sabem que tendo muita grana, sempre é possível continuar por cima.

Uma crítica leve a esse pessoal cheio da grana e uma forma bisonha de mostrar um lado bom em pessoas com menos dinheiro. Se não bastasse ainda colocaram um negro, mas poderia ter sido um hispânico também. Não que a chance de ser assim mesmo não seja verdade, mas foi muito clichê e feito de uma forma até certo ponto forçada. Em um mundo normal Jimmy Grant não hesitaria em entregar Robert Miller, mas tenho que entender que após a situação do foto do pedágio isso mudou completamente, ou seja, ele proteger Miller (principalmente por Miller te-lo ajudado e ajudado seu pai) foi também porque ele estava falando a verdade sobre os atos dele (independente de não falar o que havia feito), porque também omitir não significa mentir. E olha que ele tinha esposa e um plano de se mudar.

Agora eu pergunto: E se no local do acidente tivesse sinal para o celular e ele tivesse conseguido ligar para a emergência? Será que ele estava indo atrás de ajuda e só mudou de ideia quando o carro explodiu? Ele se esforça tanto para manter a mentira e proteger o negócio, a continuação da venda de sua empresa, então como ele chegou a pensar em colocar tudo a perder? Principalmente porque foi só depois de tudo isso que a sua filha descobriu que ele havia feito mudanças nos relatórios e cometido fraude. Mas isso são apenas detalhes, o que importa é que ele revela tudo sobre os negócios. Esse é ponto interessante do filme, afinal são poucos os filmes que dão tantos detalhes assim. No máximo é uma empresa que ganha dinheiro, mas não detalhes de cobre na Rússia, e outros termos técnicos que nem consigo lembrar!

Chamo a atenção também para outro ponto alto que é o fato da história se passar em Nova York. As imagens da cidade são fantásticas, tanto as aéreas como as que aparecem nas janelas de dentro dos escritórios. Quase sempre com o Empire States de fundo. Mais uma vez você ficará pensando como seria bom ser um multi bilionário nessa cidade. Mas é claro sem ter feito um negócio ruim na empresa, sem ter cometido uma fraude aprovado pelo seu advogado corrupto, sem ter crise no casamento e sem ter seus filhos "longe" de você e principalmente sem matar a sua amante em uma acidente de carro na estrada só porque você não foi à exposição dela e dormiu no volante ao tentar compensar isso com um viagem sabe Deus lá para onde durante a madrugada!

Richard Gere, que tem mais de 60 anos, estava no papel perfeito. Ele combina com a cidade, principalmente depois de "Outono em Nova York". Ele se mostra um cara que quer estar sempre acima da lei só porque tem dinheiro, mas ao mesmo tempo não demonstra arrogância e nem mesmo soberba, apenas um constrangimento por saber que no fundo estava errado (cena final) mas que não gostaria jamais de ser punido (preso ou simplesmente responder a um processo) por causa disso. Claro que foi apenas um acidente, mas colocar a venda da empresa em risco e principalmente abrir uma chance de descobrirem que ele havia cometido fraude (e aí sim ser preso) é que era o maior problema, ao contrário do futuro dos filhos (que ele se preocupava também como vimos na hora que ele venda a empresa), mas que não eram sua prioridade.

Susan Sarandon ficou devendo muito na parte inicial do filme, principalmente pela importância que ela tem no final dele. Ela demora muito para "aparecer", para fazer uma cena de mais relevância como a que está na academia da casa fazendo exercícios com a filha, por exemplo. Isso não apaga sua ótima cena do fim ao lado de Gere, mas para um final como esse eu acho que faltou um pouco mais durante o filme. Não foi feito nem a cena dela falando com o investigador da polícia a quem ela tanto ignorou durante o passar dos dias, e que levou o detetive Michael Bryer à loucura no melhor momento de Tim Roth. Inclusive o personagem de Roth também mostra um lado obscuro da polícia, que forja provas, elevando ainda mais ao lado do lado ruim de Miller, o "lado bom" de Jimmy Grant (onde tudo que fez de ruim no passado é apagado).

Onde está o filho de Miller? O Peter Miller interpretado por Austin Lysy. Naquele jantar do começo onde iria parecer o suposto comprador ele está lá, ao lado da filha, mas depois eu confesso que não sei onde ele aparece. Já a filha, não só na cena do jantar onde ela se levanta e entra em evidência falando dos números errados, aparece bem mais, sem dúvida alguma. Excelente atuação da lindíssima Brit Marling que atua desde 2007 e estará em pelo menos quatro filmes em 2014. Ela mostra como se preocupa em ser honesta confrontando o pai, mas ao mesmo tempo não ameaça entregá-lo de forma alguma, ao mesmo tempo que esconde os segredos de sua mãe que sempre desconfia de tudo (ou seja, sabe das amantes todas), mas parece não se importar muito. A filha de alguma forma mostra que viveu uma vida de riquezas e mesmo mantendo a honestidade prefere não arriscar perder todo o dinheiro.

Assim o filme segue sem esquecer do seu título, que na tradução direta do nome original seria "arbitragem". Ou seja, quem apita mais manda, ou simplesmente quem apita manda, sei lá. O detalhe é descobrir de qual negociação se trata afinal, ou será que se trata de todas. Não existe de fato uma negociação para escapar da prisão, mas ele chega a oferecer dinheiro para Grant. A venda da firma é uma negociação, mas ela acaba de forma simples e rápida quando ele vai até um restaurante e resolve tudo como um cliente em uma loja de penhores de Las Vegas no programa "Trato Feito" do History Channel! E então você continua pensando até a cena pré-final com a esposa fazendo a sua negociação. Não foi nada mal, mas foi como eu disse, faltou enfatizar mais a Sra. Ellen Miller durante o filme. E então na cena final, onde vem a resposta para a questão, tudo acaba de uma forma bem interessante, onde como falei no começo, quem foi um desses ricaços pode até gostar, ou talvez não. Talvez só sendo um para saber, que sabe um dia.

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