Não tenho dúvidas que se trata de um filme extremamente forçado, bem piegas, lotado de clichês, com vários furos no roteiro, violência gratuita, atores que são denominados canastrões, muito tempo de duração que resulta em várias cenas inúteis, péssima direção e mais uma infinidade de defeitos que o levam diretamente para o fundo do poço, '3000 milhas para o Inferno' onde até o próprio nome em português já é uma piada, não é de maneira alguma recomendado para pessoas que são muito críticas e buscam somente filmes de alta qualidade não só em suas histórias mas também em sua direção, atuação e outros atributos, por isso minha primeira impressão para este filme é que ele serve somente para quem tenha a mente aberta para qualquer outro tipo de filme além destes perfeitos, e para quem consegue se divertir sem problemas com qualquer fitinha de segunda linha que não é feita por profissionais de alta qualidade, pois além dos defeitos iniciais citados, o que gera realmente tudo isso é a produção, direção e o roteiro do filme, serve somente para diversão e nada mais.
A ideia do filme é muito original porém a direção é que erra feio, Michael (Kurt Russel) acabou de sair da cadeia por onde esteve por cinco anos, conhece Cybill (Courtney Cox) que tem um filho ladrão chamado Jesse James, logo ele se envolve com ela e é roubado várias vezes pelo filho dela, no inicio com reprovação da mãe, logo ele reencontra Murphy (Kevin Costner) um antigo comparsa que tem um novo e inovador plano, essa sim é a idéia original que poderia fazer do filme um grande sucesso, pois junto com mais três ajudantes (dentre estes Christian Slater e David Arquette), vão assaltar um cassino todos vestidos de Elvis Presley, pois no local está acontecendo uma convenção do ídolo do Rock, essas cenas iniciais lembram muito o grande sucesso '11 Homens e um Segredo' mas tudo cai por terra quando a assalto é realizado sem o mínimo planejamento e com muita facilidade, além de ser recheado de tiroteios onde muitos policiais morrem e só um bandido é atingido.
Todos os ladrões são tratados como heróis mesmo estando fazendo a coisa errada, mas não houve tempo suficiente para que se fosse criado uma relação cativante entre os personagens e o telespectador e logo percebemos a verdadeira índole de tais pessoas, Murphy é colocado e como o mais perverso de todos e tão logo começa a matar seus companheiros, depois sofre um acidente na estrada e parece que todos morreram, aí você pensa: -?Nossa, que legal, eles vão encontrar o Elvis agora?, mas já era de se notar que o ?Rei? já havia a muito sido esquecido naquele momento, o dinheiro acabou sendo roubado pelo pródigo forçado Jesse James e a partir desse momento vira um filme de estrada de Murphy vs. Michael, este último que se torna o bom moço da história.
O maior responsável pelos erros do filme na minha opinião é o diretor Demian Lichtenstein, que assina também o roteiro, ele não soube como conduzir as cenas após o assalto dando alternativas pouco criativas e explodindo tudo que via pela frente, uma das coisas que mais chateiam as pessoas que assistem é a inclusão exagerada de novos personagens, em uma das mais tristes aparece uma loira que se oferece para seguir junto com Murphy depois que ele explode um posto de gasolina, na cena seguinte ela já sumiu, sem explicações e nunca mais aparece, essa parte lembra muito o filme 'A Fuga' quando o bandido (Michael Madsen) que segue também viagem atrás de um comparsa (Alec Baldwin) que ele traiu também para pelo caminho e arruma uma companheira para ir com ele, o detalhe é que esta vira uma personagem fixa até o final, além desta semelhança e a da já citada com '11 Homens e Um Segredo', existem outras ainda, como a relação entre Michael e Cybill, onde um passa a não confiar no outro e estão sempre se confrontando e ao mesmo tempo apaixonados, exatamente igual ao filme 'Reviravolta' com Sean Peen e Jenifer Lopez, mas o detalhe deste é que contou com a direção impecável e espetacular de Oliver Stone, um outro momento é a relação de pai e filho entre Michael e Jesse James, assim como em 'O Exterminador do Futuro II', os efeitos de Bullet Time que foram inovadores em 'Matrix' também são usados e inclusive numa cena da bala do revólver e o deslocamento de ar que ela faz, que imitação!, as filmagens como se fossem um vídeo clipe passando rápido como as que mostram Las Vegas também são cópias, o excesso de tiros como em 'Assassinos Substitutos' e 'A Queima Roupa', e ainda muitos outros momentos idênticos a outros filmes, muita falta de originalidade num filme que teve um inicio tão inovador ou que pelo menos parecia ser.
Não há muito o que falar sobre Kurt Russel, esse é sem dúvida o tipo de filme que ele está acostumado a fazer e o personagem se encaixa perfeitamente com seu perfil; Kevin Costner é que está totalmente deslocado, em um papel que jamais se imaginou para ele, um vilão que não consegue um sarcasmo para seu personagem a altura do que precisava, tenta parecer o bandido cérebro inteligente no inicio mas depois se transforma num lunático onde ficamos sabendo que ele se dizia filho do próprio Elvis, está muito mal caracterizado com costeletas e não consegue convencer infelizmente, este é um dos atores que mais decaíram em sua carreira dos últimos anos; Slater está absolutamente descartável na fita, outro ator em declínio que ganha um papel pífio, faz apenas uma cena boa que é quando discute com Costner, temos que considerar que mostra um pouco de talento, mas diz adeus logo em seguida; o mesmo ocorre com David Arquette que ficou pior pois nem uma cena boa ele tem, e ainda é tratado como idiota por Murphy pois conta piadas como tal e ainda fala mal do Elvis; sua esposa na vida real por sua vez está muito bem, Courtney Cox Arquette é talvez a que melhor se saiu dentre todo o elenco, muito longe da chata repórter de 'Pânico' e nem um pouco parecida com a frenética Mônica Geller do seriado 'Friends', Cox está muito sensual e ousada e aparece em cenas quentes, assim como as cenas entre ela e Russel, o seu personagem também está parecido com o de Jenifer Lopez em 'Reviravolta' só que sem uma história mais envolvente sobre seu passado; aparecem ainda Kevin Pollack fazendo um policial que nada interfere na história e só ocupa espaço, outro absurdo; Jon Lovitz então está totalmente sem função como o cara que faria a lavagem do dinheiro, com um destino certo para este personagem as cenas que o envolve antes e posteriormente são muito mal aproveitadas dadas as situações criadas e além de tudo editadas como se o telespectador fosse se enganar com tal suposição, muito triste.
O filme é de segunda linha mesmo, é um filme bem ruim mesmo, mas tem seu lado bom por incrível que possa parecer, a fotografia está muito bonita, principalmente nas cenas noturnas e em Las Vegas, a trilha sonora que inclui além de Elvis um monte de Havy Metal também está excelente, e eu considero que como um todo, ou seja, no geral o filme é divertido, da para assistir mesmo vendo tantos erros e tanta falta de concordância durante quase todo o tempo, pois mesmo sendo errado, mostrando muitas mortes banais e explosões, crianças roubando e fumando sem receberem qualquer castigo mais grave, bandidos se dando bem e polícia se dando mal, é até certo ponto legal ver toda essa bobagem se assim consideramos tais coisas, essa vida bandida que envolve muito dinheiro, milhões de dólares, carros legais, alta velocidade, destino incerto, amores conturbados, uma vida totalmente fora dos padrões é interessante, ou seja, o filme é algo para se divertir realmente, infelizmente faltou uma direção mais competente, cuidados técnicos, um roteiro melhor elaborado, uma história mais aprofundada e sem tantas contradições, menos tempo de duração, menos personagens descartáveis e um pouco mais de originalidade como a inicial, que se não fosse o próprio filme lembrar, todos esqueceriam completamente do rei do Rock Elvis Presley no final, é um filme legal de se ver mas ruim por ter tantos erros, não é um comentários em cima do muro, e o fato de ter gostado mas consciente de que tem tudo de ruim, só serve para se divertir mesmo.
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