A primeira vez que ouvi falar da Netflix eu desconfiava. Era uma época que eu baixava conteúdos piratas de filmes e séries, ou assistia via streaming, ás vezes sem qualidade até. Então eu imaginava que a Netflix pudesse ser assim, e que seria muito difícil cancelar, sei lá. Aos poucos então eu comecei a entender que esse era um futuro que eu já imaginava para a forma de consumo um dia, com a TV com Internet então as coisas ficaram ainda melhores. O problema é que todo mundo descobriu isso, e assim cada um está fazendo a sua própria plataforma de conteúdo, e nelas eles irão exibir obviamente o seu próprio conteúdo, restringido a exibição em outras plataformas. E isso só lava a um destino.
Esse destino é que cada um terá que investir cada vez mais em suas próprias criações. A Netflix sabe disso a bastante tempo, mas intensificou ainda mais recentemente pois cada vez menos ela tem conteúdos originais e inéditos do que coisas antigas. O lado ruim é que ás vezes produções antigas são legais de serem revistas. Eu ainda não revi, por exemplo, nenhum conteúdo original da Netflix, mas já revi na própria Netflix diversos filmes que eu já tinha visto várias vezes antes. Em termos de séries e mini-séries eu posso dizer que a Netflix vai bem, mas em termos de filmes acho que ainda existem muitos altos e baixos.
O filme mais recente que vi foi "I Am Mother", um filme que não recebeu nem um nome é português. É mais uma história de ficção sobre um mundo apocalíptico e devastado como tanto já vimos e como tanto já vimos na própria NetFlix. Eu não sei se eles pesquisaram e viram que esse tipo de filme faz mais sucesso que outros ou se eles gostam mesmo disso. Aqui não tem mais humanos e dentro de uma unidade controlada por máquinas um robô cria um novo humano ao qual irá cuidar como se fosse sua filha. A menina então vai crescendo até o dia em que chega uma nova visitante e ela começa a se questionar sobre a verdade daquilo tudo que aprendeu com sua mãe robô.
Quando a Netflix aposta em atores consagrados para estrelarem seus filmes ela acerta na minha opinião. Foi assim em "Bird Box" com Sandra Bullock ou em "Bright" com Will Smith. Neste "I Am Mother" temos Hilary Swank que, na minha opinião, não foi suficiente para mudar a história do filme positivamente. Para mim a impressão que fica é de que o filme faz uma enorme introdução para algo muito maior que fica ainda mais grandioso com a chegada da mulher (Hilary Swank), mas que então nese momento ao invés de partir para algo mais instigante e interessante (e isso iria requer uma introdução menor), ele prefere ficar na mesmice do engana de cá que eu engano de lá, ou seja, jogando para a mulher ou para o robô mãe a responsabilidade de ser heroína ou vilã na história. É uma tentativa besta de querer enganar para surpreender, mas que cai na armadilha de chamar o telespectador de burro ou inocente.
Eu gosto de filmes com poucos personagens, um dos mais favoritos é "Alien". Eu gosto também quando os personagens não tem nome, aqui são chamados de mãe, filha, irmão e mulher, por exemplo. Eu gosto de ficção e filmes futurísticos, apocalípticos, isso tudo é muito legal e "I Am Mother" trás tudo isso. Mas faltou aquele algo a mais, faltou explorar o destino da história de uma forma mais completa e abrangente, e eu não estou falando de finais felizes não. Faltou ser mais ousado para surpreender ao invés de só querer fazer o telespectador de trouxa. Faltou uma mensagem mais interessante sobre o futuro da humanidade, algo que já não tenhamos visto em "O Exterminador do Futuro", por exemplo.
Eu deixo claro que este filme não é péssimo, mas também está muito longe de ser excelente. Eu diria que ele é mediano, ele tinha tudo para ir mais longe, mas preferiu o básico. Acredito que isso ocorre justamente pelo momento que vive os conteúdos streaming, a necessidade que as plataformas tem de criar coisas novas para todas as semanas do ano, para manter os assinantes e não deixá-los escapar. No caso da Netflix que está apostando em pegar menos coisas que já existem e fazer coisas novas. Ás vezes saem coisas boas, mas outras vezes não, depende do gosto de cada um, ou será que depende de um esforço maior de quem produz? Só o tempo dirá.
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