Eu acredito que, dependendo do gosto de cada um é claro, é preciso variar um pouco os tipos de filmes que assistimos para não ficar preso em uma mesmice que pode ser muito perigoso. No meu caso adoro colocar filmes de terror para preencher essas lacunas, e acabo surpreendido quando o filme consegue ir um pouco além disso. Normalmente os filme de terror incluem algo fantasioso ou fantasmas, assassinos, enfim. Neste "O Homem nas Trevas" não é o caso. Eu posso adiantar aqui que o filme "O Homem nas Trevas" é bom na minha opinião, e isso tudo graças ao simples fato de que ele conseguiu transformar o óbvio em algo relativamente surpreendente sem ser chato.
Pelo roteiro fica difícil se animar. Grupo de assaltantes vai atrás de uma vítima que teria muito dinheiro, mesmo morando em um local pobre da cidade. O homem tem uma história peculiar de ter perdido a filha atropelada, e acabou recebendo bastante dinheiro de indenização. É adiantado também na sinopse que as coisas não são tão simples, e tem um mistério por trás de tudo. Ao me ver parece pouco para convencer alguém a perder quase uma hora e meia, e geralmente filmes com pouco tempo de duração não costumam ser tão bons. Mas a minha dica aqui é que veja o trailer do filme e, se for o caso de você estar buscando aquele filme diferente do seu padrão, a decisão de vê-lo estará definida ali.
O diretor Fede Alvarez assina também o roteiro ao lado de Rodo Sayagues e acredito que seja para eles que devo os meus mais sinceros agradecimentos pela criatividade. Não estou falando de nada muito extraordinário como os filmes de M. Night Shyamalan, mas eu confesso que fiquei realmente feliz com os resultados alcançados aqui em "O Homem nas Trevas". Eles não deixaram de lado os clichês óbvios, mas eu diria que eles usaram e abusaram das fórmulas prontas e assim conseguiram ir além do óbvio na minha opinião. Eu diria que com pouco mais de trinta minutos fica a impressão que já aconteceu de tudo, mas nós não fazemos de fato a menor ideia do quanto ainda pode acontecer. Basicamente vemos que quando um ciclo parece ter chegado ao fim, ele recomeça e vai ainda mais longe.
Também é algo já usado muito, mas eu fiquei impressionado também como o filme conseguiu usar diálogos e cenas para dar base a algo que iria acontecer mais para a frente. Filme que tem pouco tempo de duração geralmente pecam na parte mais intimista de desenvolver os personagens, mas aqui ele resolve rapidamente mostrando um dos personagens com o pai e uma das personagens com a mãe alcoólatra e a irmã mais nova. Os diálogos também são de suma importância para criar um contexto excelente como conversas sobre ir morar na Califórnia, na praia ou sobre uma joaninha e por aí vai. Tudo é feito de forma extremamente bem pensada e que tem uma função primordial para todos os filme e todos os acontecimentos que estão por vir, incluindo a cena inicial que terá um resultado fantástico no fim.
No elenco temos Stephen Lang, um ator veterano que aparece muito bem como o "Homem cego". Quem gosta da série de filmes "Avatar" deve lembrar dele facilmente. Temos também Dylan Minnette, um ator que talvez ainda esteja tentando encontrar seu caminho. Ele é muito conhecido para quem assisti a série da Netflix chamada "13 Reasons Why" e, quando ainda era bem mais novo, aparecendo bem no filme "Deixe-me Entrar" que conta com a excelente Chloë Grace Moretz. Mas quem mais surpreendeu com sua atuação foi sem dúvida alguma Jane Levy, que faz a personagem Rocky e que roubas as cenas com toda sua beleza e presença marcante em cada momento. A atriz é mais conhecida em séries como "Castle Rock" e "Suburgatório" e merecia mais oportunidades nas telonas também.
É um filme que pode ser assistido sem problemas, um filme que não se pode esperar muitos, mas ao mesmo tempo um filme que pode surpreender muito com suas reviravoltas, surpresas e ousadias sem ser massante e chato ou cansativo. No final acaba sendo uma cena que deixa algo no ar, deixa em aberto para que cada um possa tirar suas próprias conclusões ou até mesmo ter alguma continuação. Resta esperar neste caso que haja tantas ideias e tantas reviravoltas surpresas como houve no primeiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário